23 de julho de 2015

Há dias assim

Há dias assim.
Por muito que o sol brilhe, não nos ilumina.
Estamos cinzentos por dentro.
Duvidamos de tudo, até mesmo de nós.
Na nossa cabeça um único pensamento:
Mais valia termos ficado na cama!

Há dias assim.
Em que nos apetece desistir, largar tudo e ir de férias.
Só o insuportável mau-humor não nos larga.
Há muito que a energia e a criatividade o fizeram.
Maldita a hora em que saímos da cama!

Há dias assim.
Em que o tempo corre e não nos chega!
Mas ainda que chegasse, seria inútil.
Nada de extraordinário se faz em dias assim.
O melhor mesmo é voltarmos para a cama!

Há dias assim.
Em que pensamos demasiado nas coisas.
Fazemos, refazemos e nada do que empreendemos presta.
Mudamos de rumo à toa, perdemos certezas do caminho.
Para que lado fica a cama?

Há dias assim.
Em que somos trapos, e não pessoas.
Seres acéfalos.
Despojos de guerra.
Vamos só ali espojar-nos na cama...

Há dias assim.

Felizmente, são apenas dias.
Sobram-nos semanas, meses e anos.
Para sermos o oposto do que fomos hoje.
Fazermos o que não fizemos hoje.
Acreditarmos no que não acreditámos hoje.

Há dias assim.
Há e, com certeza, haverão muitos mais.
Que ao menos eu esteja de férias.
Para lhes acenar da minha cama de rede.
Inerte, passiva, a ver a banda passar.
Até que esses dias dêem lugar aos outros...
E a vida faça sentido novamente.

[Post com atraso, a propósito do dia de ontem.]

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