4 de fevereiro de 2014

Sabes que estás grávida quando: #2

Vais no metro, como habitualmente, a jogar Mahjong no telemóvel. Numa das paragens, levantas os olhos do ecrã por casualidade. Percebes, aflita, que é a TUA paragem. Pior: tens um saco de compras do Pingo Doce, a mala que pesa toneladas (a mania de lá enfiar a vida toda!) e uma embalagem de 12 rolos de papel higiénico. Enquanto pensas "é aqui, tenho de sair!" e "já não vou ter tempo", todas as pessoas saíram e é uma questão de segundos até soar o alarme de fecho de portas. "Merda, já não vou mesmo a tempo!" Mas é tarde (quase 20h), estás desejosa de chegar a casa, tens fome e arriscas. Pegas em toda a tralha que tens o mais rápido que consegues, ainda com o telemóvel na mão e uma peça do puzzle Mahjong a piscar, à espera que a emparelhes... E dás um pulo da cadeira em direcção à porta, um pulo que parece demasiado ágil para a tua condição (mas talvez estejas em forma!). Enquanto isso, ouve-se o alarme de fecho de portas. Contra todas as expectativas, consegues passar a porta e pisar a plataforma da estação. Quer dizer, não chegas propriamente a pisar a plataforma porque, percebes agora, o pulo que deste foi realmente arriscado para a tua condição (afinal não estás em forma!). O que acontece é que mergulhas do metro para a plataforma, de cabeça, projectando as tralhas que tens na mão à tua frente e acabando no chão, rodeada por todas as pessoas que saíram atempadamente e que agora se viram para ti - prostrada no chão. As compras do Pingo Doce fora do saco, a embalagem de papel higiénico rasgada e os rolos espalhados pela plataforma e a vida toda que dantes estava enfiada na mala agora exposta para toda a gente ver. "E o papel higiénico, que vergonha!" Coitada da peça de Mahjong que não chegou a ser emparelhada - lamentamos, mas o jogo foi interrompido devido a problemas técnicos.

Felizmente, com o casaco de inverno apertado e o cachecol, ninguém percebe que estás grávida. E consegues escapar-te da situação com relativa rapidez. Não depois de te perguntarem vezes sem conta se estás bem, de te ajudarem a apanhar a tralha toda, de se oferecerem para carregar as compras ou de vir também o segurança do metro certificar-se que estás consciente e que te lembras do teu nome. Felizmente também, o teu inconsciente sabe que estás grávida e arranja forma de caíres qual duplo de cinema, de forma que a única parte do corpo que magoas, estranhamente, é o dedo indicador - e o maldito vai ficar a doer-te nas próximas 2 semanas!


Dignidade refeita, compras, mala e papel higiénico empilhados entre braços até casa... E um sorriso estúpido no rosto por achar que se conseguem fazer as mesmas acrobacias que se faziam antes de engravidar. Lição aprendida e uma atenção redobrada entre as peças de Mahjong e as paragens de metro. 


É subjectivo

Duas amigas encontram-se na rua. Ainda a 100 metros da outra, diz uma delas, com ar de que lhe caiu o Carmo e a Trindade:

- Estou com um "big" problema. Não consigo ouvir nada no meu telemóvel.
- A sério?! 

(Reage a outra, com o mesmo ar de que o mundo só pode estar mesmo a acabar). 

Fatalidades...