30 de outubro de 2009

O cromo da bola torna-se cromo do Ídolos

Cristiano Ronaldo concorre ao Ídolos e, depois de uma prestação desastrosa, aguarda ansioso a apreciação do júri.

Manel (Moura dos Santos)
- Epá, tu não cantas a ponta de um chavelho.

Cristiano
- Eu penso que não foi assim tão mau.

Manel
- Não foi mau, não. Foi péssimo.

Roberta (Medina)
- Eu achei bacana seu visual.

Manel
- É um bocado azeitola. Pareces um gajo do gueto, pá.

Cristiano
- Eu penso que também não é preciso falar assim com as pessoas.

Manel
- Epá, eu vou ser sincero contigo... Ouvi dizer que tu dás uns toques na bola, não é verdade?

Cristiano
- Penso que sim.

Manel
- Então fica-te pela bola, que tu na música não dás toques, dás é pontapés.




Depois de sair da sala, visivelmente abatido, Cristiano Ronaldo é entrevistado pelo apresentador.

Apresentador
- Então, Cristiano, não correu bem?

Cristiano
- Eu penso que a minha prestação não foi assim tão má, mas eles tiveram uma atitude muito ofensiva e acabaram por ganhar.

Apresentador
- E o que é que achas que correu mal?

Cristiano
- Não sei. Eu penso que dei o meu melhor. E penso que, se a minha irmã consegue vender discos, eu também vou conseguir, tás a ver?

Apresentador
- (Jocoso) Tou, tou. É o que nós aqui chamamos de star quality.

Cristiano
- É, eu penso que é isso.

Apresentador
- (...!?!?!)

28 de outubro de 2009

This is it.

É hoje a estreia mundial do aguardado This Is It, documentário póstumo sobre Michael Jackson. Será, sem dúvida, um sucesso de bilheteira, tal como tem sido uma bem sucedida manobra de marketing até aqui. E, por falar em marketing, é impressão minha ou o slogan da nova promo do Rock In Rio assenta neste tema como uma "luva"?

A propósito de regresso, claro.

A cidade que escorre para o rio


Todos os dias, Lisboa escorre para o rio. Gentes que correm para o barco e dizem até amanhã a uma cidade que não lhes pertence. Gentes que alugam Lisboa ao dia e saem dela ao cair da noite. Os cacilheiros que vão e vêm como pêndulos sobre o Tejo. Os mesmos cacilheiros que, com o vagar de formigas obreiras, carregam num lado e descarregam no outro.
É assim todos os dias. Lisboa esvazia e escorre, precipitadamente, para o rio. Porque à noite Lisboa dorme nos braços das suas gentes. Tranquila. Antes que o rio volte a trazer as gentes de fora e a cidade se encha novamente. De pessoas. De vida. De si própria.

Arquitectura quê?

Não faço ideia onde fica este muro catita. Nem sequer sei se isto será montagem, mas parto do princípio que não. A imagem chegou-me por email e o que me despertou curiosidade foi pensar se estas sombras foram planeadas ou se surgiram inesperadas, como bónus e para surpresa de quem construiu o muro. De qualquer maneira, é giro. É um muro que, além de cumprir a funcionalidade para a qual foi construído, ainda arranca sorrisos aos que por ele passam (sorrisos ou praguejos indignados, mas ambas as reacções a mi me encantam). Pelo menos, não deixará ninguém indiferente. E isso é bom, não é?

25 de outubro de 2009

Crème D'Or

Ora aqui está um exemplo de um anúncio delicioso (com um slogan irresistível).

22 de outubro de 2009

Durante o percurso para casa.

Naquela noite, durante o habitual percurso solitário para casa, Elisa encontrou um companheiro de caminho. Depois de ele a ter ultrapassado, logo que se afastaram da saída do metro, caminhou sempre uns passos à frente dela. E Elisa seguiu atrás, inevitavelmente, pois caminhavam na mesma direcção. Durante o percurso, foi observando, com um interesse quase científico, aquele rapaz franzino. A estrada molhada inspirava mais cuidados do que o normal - tinha chovido muito e uma série de obstáculos minavam o percurso - mas Elisa reparava, fascinada, que aquele rapaz se esquivava com uma delicadeza impressionante das armadilhas da intempérie. Ela já metera por duas ou três vezes a pata na poça, sobretudo porque não tirava os olhos daquela figura, de que não conhecia a cara, mas cujas costas estudava pormenorizadamente. Nas costas da long sleeve bege uma inscrição em letras brancas era ocultada por um pequeno saco cinzento pendurado sobre os dois ombros, claramente com pouca coisa dentro. Elisa já percebera que a inscrição estava escrita em inglês, mas depois de alguns passos a tentar ler o seu conteúdo, desistira. Concentrara-se nos jeans de ganga escura, tão direitos que pareciam acabados de passar a ferro. Ela reparava, inclusive, que um vinco vertical ao longo de cada uma das pernas das calças aparentava um mazelo estranhamente invulgar em calças de ganga. Ele não usava jeans rasgados, manchados, desbotados ou amarrotados como agora se via em tantos outros da sua idade. Ele não caminhava desleixado, como a rapariga que o seguia e que, sem ele saber, o admirava. Aquele rapaz, a quem Elisa não não dava mais de uns 20 anos, caminhava como se atravessasse a passerele de um dos desfiles glamourosos de Paris ou Milão. Num balouçar de ancas ritmado, deslizava sobre a rua molhada, enquanto segurava o chapéu de chuva na mão direita. Como não chovia, o chapéu permanecia fechado na sua mão, como uma batuta que marcava o ritmo daqueles passos. E Elisa, enquanto o seguia, não conseguia evitar o pensamento de que era ele, de eles os dois, o que tinha maior elegância no andar e singela delicadeza. Inevitavelmente, Elisa tentou imitá-lo, imprimir a elegância daquele rapaz no seu próprio andar. Se alguém os via, julgava que ela gozava com ele. Mas não era isso que ela fazia. Ela, genuinamente, admirava-o. Tudo nele a fascinava, sem ela perceber exactamente porquê. E seguiram os dois assim, ao longo dos quinze minutos de percurso. Em alguns momentos, Elisa tinha a certeza de que ele suspeitava do que ela fazia atrás dele (e parecia-lhe até que exagerava na elegância do andar só para a deixar mal). Mas nem por isso ela se inibia do que fazia nas suas costas. Aquele encanto só cessou no momento em que os caminhos deles de separaram. Elisa viu-o seguir em frente, entristecida por ter de virar à esquerda. E olhou-o em sinal de despedida, embora só ela se despedisse. Foi quando reparou no derradeiro pormenor que a fascinou. No pescoço, o corte de cabelo daquele rapaz não terminava a direito, numa linha recta convenientemente traçada para separar o couro cabeludo do pescoço. Naquele rapaz, tão diferente de tantos outros, o corte de cabelo terminava com um capricho de barbeiro e dele próprio, certamente. Um capricho em forma de rabicho de cabelo colado à nuca que pendia sobre o pescoço, não demasiado grande para se notar, mas o suficiente para marcar a diferença. A Elisa lembrou-lhe um bonito pormenor num móvel de estilo vitoriano. Um móvel trabalhado e sumptuoso, que nunca está realmente deslocado do seu tempo pela beleza e elegância que transmite a quem o admira. Aquele rapaz, se fosse uma peça de mobiliário, tornaria qualquer sala mais bonita. Tal como tornou o percurso de Elisa para casa, na noite em que ela o encontrou.



20 de outubro de 2009

Estou velha.

Sempre detestei ser a mais nova. Como faço anos em Dezembro, no último mês do ano da minha geração, fui, durante anos a fio, a mais nova da minha turma. Entrei para a primeira classe com 5 anos, quando os meus colegas já tinham 6, e para a faculdade com 17, enquanto os outros se gabavam da maioridade. Por casualidade, e para tristeza minha, nunca encontrei ninguém - em todas as turmas por que passei - que fizesse anos depois de mim. Portanto, o estigma da mais nova sempre me perseguiu.

Entretanto, no ano passado consegui deitar a língua de fora ao estigma e vingar-me de bloqueios antigos. Fui parar a uma turma de escrita onde havia vários colegas muito mais novos do que eu. E foi fantástica a sensação de eu não estar sequer nos "top 5" dos mais novos da turma. Foi até divertido assistir ao inquérito "que idade tens?", pois já suspeitava de que não seria eu o alvo da constatação: "és a mais novinha!".

Ontem, por ocasião do mesmo tipo de inquérito - por sinal muito popular em turmas que se juntam fora do trajecto de ensino convencional - descobri que cheguei finalmente àquela idade em que sou a mais velha da minha turma. O resultado apanhou-me de surpresa. Juro que não esperava ser a mais velha assim tão nova.

E como é que eu me senti? Imponente e sapiente, tal como imaginara tantas vezes no passado ao desejar encontrar-me naquela posição? Não. Senti-me assustadoramente velha. E voltei a sentir-me em desvantagem, desta vez porque tive a percepção de que os meus colegas, mais novos do que eu, teriam mais tempo para aplicar aquilo que estavam ali a aprender.

Isto da idade começa a afectar-me.

16 de outubro de 2009

Lições de português

Este senhor aqui ao lado ensinou-me algumas coisas giras sobre a nossa língua. E partilho convosco algumas delas, porque é sempre bom sabermos o que dizemos mal. Agora, se vamos corrigir ou não, isso já é outra história.

Por exemplo, quando se diz: "Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro" devia dizer-se: "...parece que tem bicho no corpo inteiro". Faz mais sentido, de facto.
Mais. Quando dizemos: "Cor de burro quando foge", na realidade queremos dizer: "Corro de burro quando foge". Hum, neste caso eu diria que continua a não fazer muito sentido e até prefiro a primeira expressão. Já existem tão poucas cores que dá sempre jeito ter uma "cor de burro quando foge"... sobretudo para aquelas alturas em que não sabemos bem se é fucsia, violeta, rosa-choque ou lilás e mesmo quando estamos indecisos entre o caqui, o verde-seco e o verde troca. Quando é assim, dizemos simplesmente que é cor de burro quando foge e pronto.
Mais um exemplo. Em vez de se dizer: "Quem tem boca vai a Roma" devia dizer-se: "Quem tem boca vaia Roma". Como quem diz, "Uhhhhh, Berlusconi, uhhhhh". Desta gosto.

15 de outubro de 2009

Piano stairs

Subir escadas nunca foi tão divertido.



A ideia é, simplesmente, genial. E parece que o mentor desta ideia está a pensar implementá-la nas 'escadinhas' do Bom Jesus de Braga. Ou não :)

14 de outubro de 2009

Sunny road

Espero por ti na berma da estradinha empoeirada

Espero por ti na berma da estradinha empoeirada.
Tenho numa mão uma mala pequena de couro
E na outra uma tulipa branca.
Visto uns jeans e uma blusa muito leve,
Aquela em tom coral que tu me deste.
Lembras-te?
Adoro-a por ser um presente teu.
Também gosto dela porque é leve e fresca.
É tanto o calor que aqui faz, credo.
O sol é muito forte
E parece que passou uma eternidade desde que te espero.
Onde estás que já devias ter chegado?
Meu amor, estou à tua espera,
Na berma da estradinha empoeirada.
Lembras-te da oliveira junto à estradinha?
É aí. É aí mesmo que eu estou à tua espera.
Tento ignorar o calor
E sorrio confiante de que estás a chegar.
Ajeito o cabelo, cheiro a flor que me lembra de ti.
Lembras-te da tulipa que me deste no recreio da escola?
Foi nessa altura que me apaixonei por ti.
Éramos tão novos, tão tolos,
E era uma tulipa branca, como esta,
Lembro-me perfeitamente.
Se não te apressas, ela murcha.
É tanto o calor que aqui faz, credo.
A oliveira já mirrada não me protege deste sol.
Preciso de ti, meu amor.
Vem tirar-me do sol
E desta estrada empoeirada.
Lembras-te quando nos vimos pela última vez?
Foi aqui, nesta estradinha empoeirada.
Mas nesse dia eras tu quem esperava por mim
E era a ti que o sol torturava
Enquanto eu vinha ao longe, alheia ao teu sofrimento.
Via-te debaixo da oliveira, impaciente,
E sorria só por te ver olhar para mim.
Caminhava para ti, vagarosa, confiante.
Queria que me visses bem, que me admirasses.
E tu admiravas. Sorrias, ao ver-me chegar.
Esqueceras a espera.
Tu não gostavas de esperar,
Mas o meu estatuto era especial e tu sorrias
Enquanto eu caminhava para ti, confiante.
Tinha a certeza de que queria ir embora contigo,
Passar contigo o resto da minha vida.
E tinha a certeza, pela forma como me olhavas,
Que tu sentias o mesmo que eu.
Subitamente, o teu sorriso congelou.
Pareceste-me sobressaltado e eu estranhei.
Ficou tão frio o teu olhar naquele momento.
Ai, que arrepio frio.
O que se passa, meu amor?
Já não queres ir embora comigo?
Eu continuo à tua espera,
Na berma da estradinha empoeirada.
Lembras-te de um canteiro de tulipas brancas?
Um canteiro muito bonito, mesmo ao lado da oliveira.
Tem uma placa de madeira pintada
E uma inscrição com a tua letra.
Diz "Aqui jaz a mulher que eu amei
E com quem pretendia passar o resto da minha vida."
E é aqui que te espero, meu amor.
No canteiro de tulipas,
Na berma da estradinha empoeirada.

13 de outubro de 2009

Uma vida inventada

Como é que ainda ninguém tinha suspeitado, a julgar pelo nome do livro de Maitê Proença, que essa senhora não era muito genuína?! Ora agradece a Portugal o excelente acolhimento e aceitação do seu livro, ora faz isto que se vê aqui em baixo.



Sinceramente, Maitê, não se trata assim os portugueses! Pelo menos não enquanto precisamos que eles nos comprem livros. Né?

Pingo agri-doce



O novo anúncio do Pingo Doce está a dar que falar. Pelas piores razões. Porque a música é má, a letra parva, a voz de quem canta esganiçada, as imagens saloias e, no geral, irritante. Eu partilho todas essas opiniões. Aliás, neste texto revejo tudo aquilo que penso sobre o anúncio. Está tudo lá.

De qualquer maneira, a má publicidade também é publicidade. E a julgar pela forma como o anúncio está a ser atacado, quer-me parecer que os resultados, afinal, não vão ser assim tão maus. Eu diria que o feedback é bem capaz de ser agri-doce.

12 de outubro de 2009

Acho que estou em condições de afirmar...

... que regresso de umas férias bem merecidas cheia de energia e confiança no futuro.

É bem possível que este optimismo tenha sido em grande parte potenciado pela derrota de ontem de Pedro Santana Lopes e de Fátima Felgueiras...

... mas, por outro lado, se nem a vitória de Isaltino Morais e de Valentim Loureiro me abalou a confiança, é porque o optimismo é "bullet proof".

E aqui fica uma musiqueta dedicada à rentré Outono/Inverno 2009.