20 de outubro de 2009

Estou velha.

Sempre detestei ser a mais nova. Como faço anos em Dezembro, no último mês do ano da minha geração, fui, durante anos a fio, a mais nova da minha turma. Entrei para a primeira classe com 5 anos, quando os meus colegas já tinham 6, e para a faculdade com 17, enquanto os outros se gabavam da maioridade. Por casualidade, e para tristeza minha, nunca encontrei ninguém - em todas as turmas por que passei - que fizesse anos depois de mim. Portanto, o estigma da mais nova sempre me perseguiu.

Entretanto, no ano passado consegui deitar a língua de fora ao estigma e vingar-me de bloqueios antigos. Fui parar a uma turma de escrita onde havia vários colegas muito mais novos do que eu. E foi fantástica a sensação de eu não estar sequer nos "top 5" dos mais novos da turma. Foi até divertido assistir ao inquérito "que idade tens?", pois já suspeitava de que não seria eu o alvo da constatação: "és a mais novinha!".

Ontem, por ocasião do mesmo tipo de inquérito - por sinal muito popular em turmas que se juntam fora do trajecto de ensino convencional - descobri que cheguei finalmente àquela idade em que sou a mais velha da minha turma. O resultado apanhou-me de surpresa. Juro que não esperava ser a mais velha assim tão nova.

E como é que eu me senti? Imponente e sapiente, tal como imaginara tantas vezes no passado ao desejar encontrar-me naquela posição? Não. Senti-me assustadoramente velha. E voltei a sentir-me em desvantagem, desta vez porque tive a percepção de que os meus colegas, mais novos do que eu, teriam mais tempo para aplicar aquilo que estavam ali a aprender.

Isto da idade começa a afectar-me.

3 comentários:

  1. eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh. A eterna insatisfação humana. (Percebo-te.)

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  2. É curioso que, geralmente, não me incomoda nada a questão da idade, mas identifico-me com essa percepção de que aos novos ainda vai ser permitido usufruirem daquilo que eu só agora começo aprender. É uma estranha e desconfortável percepção.
    Beijinhos

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  3. Nós ainda estamos bem enxutas, comadres, entenda-se. Mas de vez em quando "panica-se" um bocadinho, não e? :) Um beijinhos às duas.

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