12 de novembro de 2014

Entretanto, fui mãe!

Já lá vão mais de seis meses, mas continuo assoberbada.
Não somente pelos cuidados que um bebé inspira, mas sobretudo pelo espaço que ele passa a ocupar na nossa vida. Sem deixar espaço para mais nada. O próprio tempo deixa de ter espaço. O tempo e o espaço mandam às urtigas todos os princípios científicos. E tudo se torna relativo. Uma relatividade absoluta que vem com a experiência da maternidade.
Tudo muda. 
É cliché, mas a mais pura das verdades. 
O mundo muda. Nós mudamos com ele. 
Nada volta a ser igual. 
A nossa existência passa a ter um propósito herculano: formar outro ser humano. Com tudo o que isso implica. Com a enorme responsabilidade que isso acarreta. É avassalador.
Já lá vão mais de seis meses, mas continuo assoberbada.
(um estado de espírito que, imagino, se vá prolongar pelos próximos anos)

27 de março de 2014

A vizinha do 1º direito...

Parece carregar o mundo às costas.
Aproveita qualquer "bom dia" para uma conversa mais demorada.
Ausenta-se esporadicamente em idas à terra.
Abre sempre a porta enrolada no seu robe.
Passa a vida em análises clínicas.
Sofre de tantas maleitas que nem cabem nos dedos de uma mão.
Não gosta de dever o condomínio e por isso paga o ano logo em Janeiro.
É uma senhora razoavelmente simpática, embora invasiva.
A vizinha do 1º direito poderia morar em qualquer andar que não o 1ºD.


A propósito de redundância

A hipocondria é uma doença.

4 de fevereiro de 2014

Sabes que estás grávida quando: #2

Vais no metro, como habitualmente, a jogar Mahjong no telemóvel. Numa das paragens, levantas os olhos do ecrã por casualidade. Percebes, aflita, que é a TUA paragem. Pior: tens um saco de compras do Pingo Doce, a mala que pesa toneladas (a mania de lá enfiar a vida toda!) e uma embalagem de 12 rolos de papel higiénico. Enquanto pensas "é aqui, tenho de sair!" e "já não vou ter tempo", todas as pessoas saíram e é uma questão de segundos até soar o alarme de fecho de portas. "Merda, já não vou mesmo a tempo!" Mas é tarde (quase 20h), estás desejosa de chegar a casa, tens fome e arriscas. Pegas em toda a tralha que tens o mais rápido que consegues, ainda com o telemóvel na mão e uma peça do puzzle Mahjong a piscar, à espera que a emparelhes... E dás um pulo da cadeira em direcção à porta, um pulo que parece demasiado ágil para a tua condição (mas talvez estejas em forma!). Enquanto isso, ouve-se o alarme de fecho de portas. Contra todas as expectativas, consegues passar a porta e pisar a plataforma da estação. Quer dizer, não chegas propriamente a pisar a plataforma porque, percebes agora, o pulo que deste foi realmente arriscado para a tua condição (afinal não estás em forma!). O que acontece é que mergulhas do metro para a plataforma, de cabeça, projectando as tralhas que tens na mão à tua frente e acabando no chão, rodeada por todas as pessoas que saíram atempadamente e que agora se viram para ti - prostrada no chão. As compras do Pingo Doce fora do saco, a embalagem de papel higiénico rasgada e os rolos espalhados pela plataforma e a vida toda que dantes estava enfiada na mala agora exposta para toda a gente ver. "E o papel higiénico, que vergonha!" Coitada da peça de Mahjong que não chegou a ser emparelhada - lamentamos, mas o jogo foi interrompido devido a problemas técnicos.

Felizmente, com o casaco de inverno apertado e o cachecol, ninguém percebe que estás grávida. E consegues escapar-te da situação com relativa rapidez. Não depois de te perguntarem vezes sem conta se estás bem, de te ajudarem a apanhar a tralha toda, de se oferecerem para carregar as compras ou de vir também o segurança do metro certificar-se que estás consciente e que te lembras do teu nome. Felizmente também, o teu inconsciente sabe que estás grávida e arranja forma de caíres qual duplo de cinema, de forma que a única parte do corpo que magoas, estranhamente, é o dedo indicador - e o maldito vai ficar a doer-te nas próximas 2 semanas!


Dignidade refeita, compras, mala e papel higiénico empilhados entre braços até casa... E um sorriso estúpido no rosto por achar que se conseguem fazer as mesmas acrobacias que se faziam antes de engravidar. Lição aprendida e uma atenção redobrada entre as peças de Mahjong e as paragens de metro. 


É subjectivo

Duas amigas encontram-se na rua. Ainda a 100 metros da outra, diz uma delas, com ar de que lhe caiu o Carmo e a Trindade:

- Estou com um "big" problema. Não consigo ouvir nada no meu telemóvel.
- A sério?! 

(Reage a outra, com o mesmo ar de que o mundo só pode estar mesmo a acabar). 

Fatalidades...


23 de janeiro de 2014

No trânsito...

Olhar para o lado e ver, no banco de trás de um táxi, um senhor a ler bastante compenetrado o seu jornal... Na secção dos classificados eróticos! (É bom saber que as descrições das fotografias de rabos e maminhas são lidas com a mesma atenção que conteúdos noticiosos)
 

17 de janeiro de 2014

Sabes que estás grávida quando:

1 - Tentas identificar mulheres na mesma condição em todo o lado. É como se de repente tivesses aderido ao grupo "as grávidas", aquele colectivo em que mulheres anónimas se identificam mutuamente e chegam a trocar impressões ou simples sorrisos pelo facto de estarem na mesma condição.

2 - O teu discernimento está de tal forma afectado pela tua condição que a identificação que fazes das tuas semelhantes pode não ser a mais correcta - até porque não existe nenhum sinal visível e inequívoco que distinga uma mulher grávida de uma mulher com gordurinhas a mais na zona da barriga.

Foi precisamente o ponto 2 que deu azo a uma situação constrangedora, passada no elevador da empresa.

Entro eu e dois colegas de trabalho no elevador, onde já está uma colega de edifício (a quem só conhecemos de vista e dizemos "bom dia" ou "boa tarde"). Imediatamente depois de entrarmos, soa o alarme do elevador acusando excesso de peso. Uma vez que a indicação de peso máximo permitia 6 pessoas e nós éramos apenas 4, achei oportuno sair-me com a seguinte tirada:

- Pois, é o que dá ter duas grávidas no mesmo elevador! (enquanto olhava a dita colega, que permaneceu com a mesma expressão)

O elevador lá se calou e subimos, conversando sobre o alarme demasiado sensível. E quando alguém comentou que realmente era estranho ter apitado por sermos só quatro, eu voltei a olhar a colega com um sorriso de orelha a orelha:

- Quatro não... Somos seis! 

Chegámos ao andar onde a dita colega saía. Ela deixou o elevador sem fazer qualquer comentário e sem me retribuir os sorrisos que eu lhe lançava. Até que um colega me indagou: "Tens a certeza que ela está grávida?". Conclusão: investiguei e, realmente, ela não está. Oops. Quer-me parecer que alguém vai evitar cruzar-se novamente comigo no elevador!


10 de janeiro de 2014

É por esta e por outras... Que não gosto de cruzeiros!

Ainda a propósito de alterações climáticas, aqui está um vídeo gravado num cruzeiro durante uma tempestade em alto mar. As imagens não deixam de ser assustadoras, mas tornam-se hilariantes pela música a acompanhá-las. Valha-nos essa capacidade de rir com coisas sérias.

Imagens que impressionam


Há imagens que impressionam. Esta é uma delas. Como é possível que congelem as Cataratas do Niagara? O que se passa no Mundo para que, cada vez com mais frequência, surjam notícias deste género? Alterações climáticas que originam vagas de frio recordistas, ondas gigantes, cheias por toda a Europa, degelo nas zonas polares, furacões, tsunamis... O que estará para vir se continuarmos assim? Há realmente imagens que impressionam, mas as possíveis causas e consequências dessas imagens impressionam muito, mas muito mais.

3 de janeiro de 2014

Cinco anos em retrospectiva


Há períodos de tempo que mudam a nossa vida.
Que definem a pessoa em que nos tornamos.
Os traços gerais de quem somos.
E de quem queremos ser.
Nestes cinco anos, desde 2009, aconteceu isso mesmo.
Cresci como pessoa. Tornei-me mulher.
Ganhei consciência do verdadeiro significado de 'crescer'.
Amadureci pessoal e profissionalmente.
Reafirmei-me na escrita, em vários tipos de escrita.
Comecei um projecto maior que dura até hoje.
Somei pequenas experiências que de pequenas não tiveram nada.
Superei-me e completei-me a cada uma dessas experiências.
Reafirmei o meu compromisso com a pessoa que escolhi para amadurecer comigo.
Nunca duvidei dessa escolha.
Construí os pilares que sempre desejei ter.
Passei da instabilidade à estabilidade.
Criei as minhas próprias oportunidades.
Colhi os frutos que plantei.
Recuperei a fé na justiça e na retribuição do universo.
Fi-lo com os dois pés assentes na terra.
Consegui esquecer mágoas e curar feridas.
Soube valorizar o importante e minimizar o irrelevante.
Rodeei-me de pessoas que me fizeram bem.
Reconciliei-me com as minhas raízes.
Aprendi a estar em paz comigo mesma.
Descobri a importância dessa paz interior.
Tive coragem para dar passos marcantes.
Engravidei.
E voltei a querer escrever aqui.
Ainda que não saiba exactamente porquê...
Também já aprendi a não contrariar os meus instintos.

2 de janeiro de 2014

Em 2014...


Voltei.
Como um bom filho a casa torna.
Quase cinco anos depois.
Não digo que não volte a partir.
Não faço promessas que não possa cumprir.
Quero apenas matar saudades.
E encher este espaço de palavras/flores/vida.
Outra vez.