16 de junho de 2015

Querido, mudei os dentes!

 

Lembram-se da minha lista de mudança? Em segundo lugar nessa lista coloquei a necessidade de arranjar os dentes, para um sorriso "à la Paulo Portas". Passo o exagero da comparação, porque o que eu quero mesmo é um sorriso bonito, e não um sorriso "de catálogo", que fere a vista de tão artificial!

Bom, eu nem sequer precisaria incluir os meus dentes na lista de mudança se fosse uma pessoa atinada com as questões da saúde e dos dentes em particular. Mas, por mea culpa, faço parte daquele grupo de pessoas que só vai ao médico quando tem mesmo de ser, e quanto menos vezes melhor.  Exames de rotina é mentira. Nunca fiz um check-up na vida. E contam-se pelos dedos das mãos as vezes que fui ao ginecologista (e atenção que já tive um filho!). Enfim, sou uma nódoa no que diz respeito a cuidar de mim e a prevenir para não remediar.

Se bem me lembro, já deveria ter uns 13 ou 14 anos quando comecei a ir ao dentista. Na aldeia, o único médico onde se ia com regularidade era o de família (quando essa figura ainda acompanhava o crescimento das crianças). Todas as outras especialidades só eram consultadas em último recurso, para um tratamento reactivo, em vez de preventivo. Portanto, ao dentista ia-se sempre que apareciam as dores de dentes. E foi provavelmente por esse motivo, não me recordo, que pisei pela primeira vez o consultório de um dentista, já na adolescência. Como na altura não existiam os cheques-dentista (e apesar de hoje existirem, também nunca vi nenhum!), pagava-se um balúrdio por cada consulta - e mais ainda pelos tratamentos. Ora, como o dinheiro já me saía do bolso - porque trabalhava nas férias e recebia uma compensação anual por tocar na banda filarmónica - eu achava um sacrilégio pagar tanto para arranjar os dentes! Ainda por cima, ninguém ia ver. Não era uma camisola nova ou uns ténis de marca que podia exibir na escola... Então qual a minha estratégia para poupar uns trocos? Sempre que o dentista me diagnosticava uma cárie e perguntava se queria tratar ou arrancar (por incrível que pareça, a opção de "arrancar" era-me dada), eu indagava os preços das várias opções. E escolhia a que fosse mais barata. Conclusão: era sempre arrancar! O que significa que, graças à forretice inconsciente da adolescência (e à falta de ética do dentista), fiquei sem três dentes. Vá lá, vá lá, que a coisa podia ter corrido pior! (Felizmente, herdei a dentição do lado paterno, porque a minha mãe usa placa desde que me lembro.)

Olhando para trás, não consigo perceber o que me passava pela cabeça. Sinceramente. Será que eu não imaginava que os dentes me fossem fazer falta no futuro? E o dentista (ou talhante), como é que permite que uma miúda decida arrancar os dentes quando há hipótese de tratamento? A verdade é que permitiu! E sem sequer me alertar para as consequências da minha decisão. Basicamente, além de ficar sem aqueles três dentes A VIDA TODA, ainda corria o risco de perder todos os outros dentes, já que os malandros tendem a ocupar os espaços vazios continuadamente, até ao dia em que se desprendem da raiz e caem.

Quando, há coisa de três anos, uma dentista me disse que, se eu não colocasse implantes, os meus dentes corriam o risco de cair... Caiu-me tudo! Especialmente na altura em que ela mencionou o orçamento. Cerca de 3000€, só para os implantes e as coroas. Muito mais do que eu teria gasto, na adolescência, se tivesse feito as coisas como deve ser. Ah, se o arrependimento matasse! Anyway. Essa mesma dentista - que quebrou a imagem negativa que eu tinha de TODOS os dentistas - também me disse que eu sofria de mordida cruzada (uma maleita que pode causar, entre outras coisas, deslocamento da mandíbula) e que precisava, por isso, de usar aparelho. O mesmo aparelho que serviria, qual coelho e duas cajadadas, para endireitar os dentes "ocupas" e abrir os espaços para a colocação dos implantes. Orçamento para o aparelho e respectiva manutenção: outros 3000€ (mais coisa, menos coisa). Fiquei assoberbada com tantos zeros no orçamento, mas decidi que estava na altura de fazer as coisas como deve ser. E se esse era o preço a pagar pelos erros do passado, paciência... Siga para bingo!

Usei aparelho durante 2 anos, até final do ano passado.  Neste momento, uso uma contenção amovível para dormir e aguardo a fase II dos implantes. Sim, porque entretanto iniciei o processo, há quase 1 mês, com a colocação dos parafusos que vão suportar as coroas. Confesso que fui para a consulta cheia de medo. Afinal, não é todos os dias que nos furam o osso do maxilar para lá enfiar parafusos de titânio! Mas com umas boas doses de anestesia e a paciência incrível do Dr. Fernando - o dentista que me fez os implantes e que recomendo vivamente, se alguém me perguntar! - não custou nada (ou quase nada, vá).

Quanto aos próximos passos da minha "remodelação" dentária, falta-me fazer:

- um branqueamento, porque nunca fiz e estou a precisar (já que investi tanto tempo e dinheiro, ao menos que fique tudo nos conformes);

- e a colocação das coroas (um procedimento bastante simples, pelo que percebi, mas que só pode ser feito 2 a 3 meses depois da colocação dos implantes).

Se tudo correr bem, daqui a uns meses serei uma versão mais sorridente de mim própria :)

Sem comentários:

Enviar um comentário