17 de agosto de 2015

Sonho de uma noite de verão

Silêncio profundo. Todos a dormir.

- Bzzzzzzzzzzzzzz! (Melga)

Reclamo mentalmente. Ligo o anti-melgas à tomada. Tento voltar a adormecer.

- Bzzzzzzzzzz!!! (A p&%@ da melga outra vez)

O João dorme no nosso quarto e eu não suporto a ideia de que ele esteja a servir de banquete. Levanto-me e ligo a luz. Enceto a caça à melga, de almofada em riste. Ainda bem que as paredes são brancas. 

- Ali está ela! (Pensamento seguido de pancada de almofada na parede. Ao lado.)

- %&%#&! (Pensamento irado)

Sucessivas pancadas de almofada, umas na parede, outras no ar, tentando não fazer barulho. Finalmente, atinjo o inimigo - que fica a dormir eternamente na fronha da minha almofada (o desespero afasta nojos e uma toalhita resolve o resto).

- Aleluia! (Pensamento de alívio, enquanto volto a deitar-me, com sensação de missão cumprida.)

Durmo profundamente, algo raro desde que fui mãe. Os ares da aldeia devem ter soporíferos.

- Bzzzzzzzzzzzzzz! (Melga n.° 2, que eu não acredito em reencarnação.)

Tapo a cabeça com o lençol. Isto não está a acontecer!

- Bzzzzzzzzzzzzzzzzzz!!! (Rasante aos meus ouvidos) Bzzzzzzzzzzzzzzzzz!!! Bzzzzzzzzzz!!!

OK. Se é guerra que elas querem, é guerra que vão ter. Ligo a luz novamente e acciono o "modo Ninja". Faço-o tão silenciosamente quanto consigo. Só me faltava agora que o João acordasse! Algumas pancadas em falso (poucas) e neutralizo a invasora. UFA! Second man down!

Volto para a cama, pé ante pé, mas acontece o inevitável: a adrenalina impede-me de adormecer. Olho para o relógio e percebo que só tenho 2 horas, na melhor das hipóteses, até o João acordar. A constatação mental não ajuda. Provavelmente terei de contar carneirinhos... Ou melgas, vá. E, nem de propósito, a punch line vira-se contra mim.

- Bzzzzzzzzzzzzzz! (Melga n.° 3)

- Buáááááá! (João)

- F%€#-@&! (Eu)

(Um verdadeiro sonho estas noites de verão.)





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