6 de agosto de 2015

O preço certo

(Sosseguem que não vou falar do programa do gordo.)

Há uma técnica que uso em todas as compras que faço. Sempre que quero (ou preciso de) comprar alguma coisa, estabeleço, à partida, um tecto máximo: "qual o preço que estou disposta a dar?". E tento manter-me dentro desse limite pré-estabelecido. TENTO, repito, porque há excepções. Ou não fosse eu gaja. E gaja que é gaja sabe que não dá para resistir ao chamamento de algumas coisas quando nos apaixonamos por elas. Adiante. Voltando à regra, e esquecendo a excepção, como é que se define "o preço das coisas"? Porque é que existem calças a 30€ (são raras, mas existem) e outras, aparentemente iguais (mesmo tecido, mesmo corte, etc.), dez vezes mais caras? Tudo se resume à marca. Certo? Para uns, a marca XPTO é importante, para outros o que importa mesmo é dar pouco dinheiro por umas calças. Ora, eu estou - sempre estive - no segundo grupo. Haverá - e há - muita gente no primeiro. Mas tudo bem. Cada um sabe de si. E gostos, assim como carteiras, não se discutem. Até porque há mercado para todos.

Então e se esquecermos a indústria da moda - onde é mais fácil perceber esta questão das marcas e das diferenças de preços entre elas - e nos focarmos na restauração? Porque é que a "sopa de legumes" da Tasca do Chico custa 1,50€ (vamos supor) e a mesma "sopa de legumes" servida num prato de porcelana do Bistro Lisbonense (supondo novamente) custa 5€? O que dita que um "leite creme", feito exactamente com os mesmos ingredientes, custe 2 ou 6€? Mais uma vez, a marca! Ou seja, o posicionamento que determinado restaurante (marca) quer ter no mercado: se quer chamar o zé povinho ou o executivo de topo. E não tem mal nenhum nisto, claro, mas faz-me confusão. Faz-me mesmo muita confusão.

Eu percebo que haja carros que custem casas, que haja casas que custem aviões e por aí fora. Um Opel Corsa não é - nem de longe nem de perto - igual a um Bentley. Assim como uma cave na Amadora não é igual a umas águas furtadas na Lapa. Mas quando as diferenças de preços estão simplesmente associadas à marca, sem quaisquer diferenças na qualidade dos produtos, faz-me imensa confusão. Por exemplo, umas calças de ganga (que não tenham inteligência artificial, banho de ouro ou diamantes incrustados) não deveriam custar mais de 50€. 100€, vá, na pior das hipóteses. Afinal, são SÓ umas calças de ganga (mais ou menos iguais a tantas outras). E é por isso que eu estabeleço o tal "preço que estou disposta a dar pelas coisas". No caso das calças de ganga, são 40€. Se falarmos de um casaco de inverno (bom), talvez já dê 100€. Mas não dou mais de 20€ por um top básico de verão, por exemplo. São estes os "limites" da minha carteira, por um lado, e, por outro, os valores que me parecem justos (independentemente da carteira).

("Ah e tal, se tivesses mais dinheiro, os limites não eram estes..." Óbvio. Mas não andariam muito longe disto. Por uma questão de princípio.)

Para terminar, uma sugestão ao Ministro da Economia: que tal uma Entidade Reguladora dos Preços, que formulasse tabelas de preços para tudo e mais alguma coisa? Preços mínimos e máximos para cada tipo de produto e serviço. TUDO. Desde uma lata de atum a um carro topo de gama. Desde um corte de cabelo a uma viagem à lua. O preço mínimo seria o custo de produção, enquanto o preço máximo poderia considerar uma margem de lucro razoável - 200% em relação ao custo de produção? Algo do género. Se isto era viável do ponto de vista económico? Se as economias conseguiriam prosperar? Não faço a mínima ideia. Mas provavelmente não... Infelizmente, o mundo precisa desta disparidade de preços e marcas. E vai continuar a precisar enquanto houver igual disparidade de salários. Enquanto jogadores de futebol continuarem a ganhar milhões num mês, terão de existir marcas de luxo onde eles possam gastar meia dúzia de tostões. C'est la vie!

[AVISO: A considerar apenas e se eu ganhar o Euromilhões amanhã (fingers crossed). Os meus limites foram alterados para: 80€ por umas calças de ganga, 150€ por um casaco de inverno e 30€ por um top básico de verão. Obrigada.]

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