30 de setembro de 2015

Doutor, preciso de ajuda! #2

Nunca vos aconteceu terem os mesmos sonhos, exactamente iguais, ipsis verbis, sem tirar nem pôr, durante anos a fio? Well, join the club!

No secundário, sempre que se aproximava o regresso às aulas, no mês de Setembro, eu sonhava que corria para a paragem de autocarro, ofegante, aflita pela possibilidade de perder o autocarro logo no primeiro dia... Até que me apercebia, em pânico, que ainda tinha os chinelos nos pés. E parava mesmo antes de alcançar o autocarro, a um ou dois metros, para constatar que me esquecera de calçar os sapatos. Oh não!

Durante semanas, provavelmente as últimas de Agosto e as primeiras de Setembro, esse sonho repetia-se, exactamente igual. Eu a correr para o autocarro e a perdê-lo por fracções de segundos, assim que me apercebia que estava em chinelos. E não eram uns chinelos de enfiar no dedo, estilo havaianas, que talvez passassem despercebidos (na verdade, nem me lembro se esse tipo de chinelos já existiria na altura, há coisa de 15 anos). Eram mesmo uns chinelos de quarto, daqueles fofinhos, em pelúcia e com sola alta de borracha. Era esse o calçado "de andar por casa".

O sonho terminava comigo especada na paragem vazia, a olhar os chinelos, desolada por ter perdido o autocarro onde seguiam todos os meus colegas, para o tão aguardado regresso às aulas. Lembro-me de acordar com suores frios, verdadeiramente assustada pela possibilidade de o sonho se concretizar... Até que chegava o dia D, o primeiro dia do novo ano lectivo, e eu fazia questão de confirmar, vezes sem conta, que tinha os sapatos nos pés. Sapatos - check! Siga! E saía de casa, com a devida antecedência, para não ter de correr... Ufa!

Na realidade, nunca me aconteceu sair à rua de chinelos. Já me aconteceu achar que o tinha feito e ter necessidade de olhar para os pés. Acontece-me com alguma frequência até. Na idade adulta, inclusive. Talvez tenha ficado traumatizada pelo sonho, who knows. Também não me recordo exactamente da altura em que deixei de ter este sonho, se já andava na universidade ou não, mas lembro-me que ele se repetia todos os anos, religiosamente, antes do início de cada ano lectivo. Como os alarmes de telemóvel que programamos para repetir ou para não tocar em determinados dias. Aquele sonho era mais ou menos isso, uma espécie de alarme: "Não esquecer os sapatos!". A verdade é que resultava! E que bom seria se conseguíssemos, efectivamente, programar os nossos sonhos...

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