24 de novembro de 2009

TPC "cria uma ONG"


Ajuste de Contas
Manifesto "Tu vales mais!"




Tu vales mais do que ajudas de custo. Vales mais do que estágios a troco de nada. Vales por aquilo que sabes, pelo que aprendes, pelo esforço que colocas em tudo o que fazes e pela dedicação com que te entregas. O teu valor és tu. E tu vales mais.
A Ajuste de Contas existe para defender o valor de todos os que vivem num mundo onde as ilegalidades laborais se tornaram regra. Onde os abusos existem e passam impunes aos olhos de todos. Sim, os estágios não remunerados são ilegais. E as ajudas de custo, quando não integram um contrato de trabalho, também o são. A exploração laboral sistemática e generalizada é crime. E, como tal, não pode ficar impune.
A Ajuste de Contas quer abrir os olhos a quem governa este país. Porque o mesmo Estado que sabe que existem centenas de jovens em início de carreira sujeitos a regimes precários, finge que não sabe. O mesmo Estado que fez das Novas Oportunidades um estandarte europeu fecha os olhos à falta de oportunidade de empregos decentes e justamente remunerados. O mesmo Estado que tem apostado na educação e que quer ser um país de quadros especializados e doutores, esquece-se da inserção profissional. De que vale formar milhares de jovens, para depois os deixar abandonados à sua própria sorte? Uma sorte que, nos dias que correm, é ínfima. Hoje em dia, encontrar um primeiro emprego ou um estágio legal e verdadeiramente profissionalizante é como encontrar uma agulha num palheiro. Os estágios profissionais deram lugar aos falsos estágios profissionais, aos enganosos estágios curriculares, aos indecentes estágios com ajudas de custo e aos escandalosos estágios não remunerados. Estágios e mais estágios. Promessas vãs de futura integração em empresas que, na realidade, não têm qualquer tenção de as cumprir. Para quê pagar ordenados, impostos e segurança social por recursos, quando se pode tê-los sem gastar um tostão? É esta a nova lógica empresarial. Uma lógica que tem a conivência do Estado, pela passividade e inoperância. Generalizou-se a indiferença, a sujeição, a passividade, a exploração, o aproveitamento e a negligência. As empresas descobriram as suas próprias Novas Oportunidades. Oportunidades de lucrarem com o trabalho gratuito e de ganharem reputação à custa de jovens empenhados, que de tudo fazem para que lhes seja dada, a eles sim, uma oportunidade. Encaremos a verdade. Ninguém gosta de trabalhar para aquecer. Se há centenas de jovens que se sujeitam a estágios precários, só o fazem na expectativa de que lhes seja reconhecido valor. E com a esperança de um dia fazerem condignamente parte da equipa que ajudaram a crescer. Mas, infelizmente, aquilo que acontece é o aproveitamento descarado e indisfarçado de um jovem atrás do outro, sem que essa corrente de exploração seja denunciada e quebrada. Pois bem, é hora de quebrar correntes. A escravatura há muito que deixou de existir. Por favor, não se inventem novas formas de a ressuscitar. A organização não governamental Ajuste de Contas surgiu da necessidade de recuperar a dignidade laboral e de criar legítimos primeiros empregos e verdadeiros estágios profissionais. Porque não somos contra os estágios, desde que estes se enquadrem ao abrigo do Código do Trabalho. Queremos revitalizar os estágios profissionais porque acreditamos que eles são importantes, quer para as empresas, quer para os recém-licenciados. As empresas ganham recursos especializados e o apoio do Estado pelo incentivo à empregabilidade. E os estagiários ganham experiência no mercado de trabalho e abrem uma janela de oportunidade para o futuro. Queremos acabar com as promessas desleais e a exploração sistemática de recursos. Junto do Estado, faremos campanhas de sensibilização, denunciando empresas onde essa exploração aconteça. O Estado pode e deve fazer cumprir a lei, protegendo os seus cidadãos mais jovens. Junto das empresas, pressionaremos e insistiremos para que elas acabem com os vínculos ilegais e para que assumam responsabilidades por quem empregam. As empresas deverão fazer às claras e à luz da lei, para que depois possam ser tidas como um exemplo a seguir por outras empresas. Usaremos o marketing como uma arma eficaz. Se para as empresas é importante manter uma reputação e uma imagem de referência, para nós é fundamental que essa imagem incólume se reflicta na forma como a empresa trata os colaboradores. Por isso mesmo, não hesitaremos em denunciar situações de abusos e manchar a imagem da empresa infractora. Não hesitaremos em fazer cumprir a lei. Não hesites tu também em dizer NÃO aos abusos. Diz NÃO aos estágios ilegais e reivindica o teu valor. Nós estamos aqui para te ajudar com o ajuste de contas.

1 comentário:

  1. toma lá, pá!!!!!! :)
    ... quase me levanto da cadeira à medida que a leitura avança e quase sinto o punho direito cerrar-se e o braço a levantar-se esticado até ao céu! para quem não sabe (felizmente) o que é isto... é mesmo assim, e não é nada bom... e quem sabe... não se pode calar, claro!
    beijinhos. felisbela

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