28 de outubro de 2016

Dois anos e meio de João


(30 meses em número redondo)
Bem sei que as "meias datas" não têm o mesmo estatuto, nem igual direito à celebração, mas não é por isso que devem passar em branco. Aos 2 anos e meio, assinalados precisamente hoje, o João está um pequeno adulto com traços de personalidade cada vez mais vincados.


Não gosta de dormir até tarde (depois das 7h30 só nas férias de praia, e em Peniche - ah, a magia do oeste!). Adormece sozinho sem dramas, mas sempre na companhia da sua querida chucha e com a etiqueta da fralda a dançar entre os dedos (na verdade a fralda era dispensável, do que ele gosta mesmo é da "titeta"). Pede para fazer ó-ó quando tem sono, entre as 20h e as 21h. Muito raramente, em dias de festa ou de maior agitação, tenta escapulir-se à sesta (e às vezes lá consegue). Pede "tinho" (aka leitinho) antes de dormir e apenas quando está com os pais - nunca o faz na escola e nem sempre o faz quando fica com outras pessoas, o que nos leva a crer que é vício. Ainda bebe o leite de biberão, sem qualquer insistência nossa para deixar de o fazer (sem pressas). Ainda usa fralda, apesar de estarmos constantemente - e em vão - a indicar-lhe o bacio (antes das férias estava muito bem encaminhado, mas as mudanças de rotina - Lisboa, Oeste, Norte, Algarve - deitaram tudo por terra).

Adora a Patrulha Pata, que destronou o Pingu e a Masha e o Urso como desenhos animados preferidos. Come bem e sozinho, à excepção da sopa (que muitas vezes teima em não comer - tal e qual a mãe, não é fã de sopa). Alterna determinadas tarefas entre a mão direita e a mão esquerda, suscitando dúvidas sobre se será destro ou esquerdino. É raro o dia em que não ande pela casa na sua bicicleta sem pedais, que faz questão de estacionar sempre no mesmo sítio (encostada à máquina de lavar roupa). É raro o dia em que não faça birra depois do banho, para se vestir. Nunca gostou do processo vestir-despir. Não faz fitas para tomar banho (tem dias, claro). Gosta de água (sai ao pai!) e, por isso, tem aula de natação aos sábados de manhã.

Diz "oblado" a torto e a direito. "Oblado mãe", "oblado pai" e "oblado" aos senhores do pão, da fruta, do café e por aí em diante. Insiste em pagar as compras e se for com cartão multibanco quer ser ele a tirá-lo da ranhura. Continua convictamente loiro, para estranheza de todos os que questionam a quem ele sairá assim (fyi, pai e mãe foram loiros na infância). A sua brincadeira preferida é saltar em cima da cama, com os pais a servirem de trampolim (e a levarem com pés, rabo, joelhos e cotovelos em todas as partes do corpo). Também adora andar às cavalitas (se for nos ombros do pai, tanto melhor).

É um observador nato, incrivelmente atento ao que o rodeia - topa a mais ínfima mudança na disposição das coisas e repara num avião quando é apenas um pontinho longínquo no céu. Pede-me que apanhe todos os "pêlos" (vulgo "cabelos") que vê espalhados pela casa (uma mania que, claramente, herdou de mim). Tem excelente memória (cof cof, me again). Tem uma panca com o chapéu - que pede para pôr no instante em que sai à rua. Também insiste em vestir o casaco - "tá chio", diz ele. O objecto que mais vezes rouba aos pais é a chave do carro (já passou a fase dos óculos). Ao contrário de muitas crianças, não liga aos telemóveis nem aos tablets (de vez em quando lá pede para ver bonecos, mas é só). Começa a orientar-se sozinho no YouTubecom o dedinho em riste a carregar e a deslizar nos sítios certos.

Pede mais colo do que devia. "Qué ixo?" é a pergunta que faz a todo o momento. Acha graça a "balelas" (baleias) e "pôôô-pôôôô" (comboios). Gosta mais de pão do que de bolos. Não costuma pedir guloseimas (e só quando vê alguém comer doces é que se lembra) - o que pede, quando pede, é "pupa-pupa". Acorda sempre a chamar pelos pais - "Oh mãe! Oh pai! Oh mãe!" (ad infinitum até lhe respondermos). Gosta da escola (contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que resistiu a lá ficar - e apenas porque viu outros miúdos a fazê-lo).

Dá os melhores abraços do mundo e é lindo a dar beijinhos (dá muitos aos pais, e muito poucos a quem não conhece bem). É lindo, ponto. É o melhor primeiro filho que eu poderia ter tido (não mudava nada, nem mesmo a tendência madrugadora!). E agora está na hora de o ir buscar à escola que estou a morrer de saudades - e quero enchê-lo de beijos (hoje especialmente).

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