17 de julho de 2015

Eu e as bichas

Calma com as interpretações. Estou a referir-me a filas, também conhecidas por bichas. Feita a ressalva, o que dizer sobre o assunto? Antes de mais, uma constatação em forma de pergunta: porque será que escolho sempre as filas erradas?

Passo a explicar.

Por norma, em todas as filas que me meto, escolho sempre, SEMPRE, as mais demoradas. E eu que até sou pessoa para fazer uma análise prévia da coisa, considerando o número de pessoas à minha frente, o aspecto mais ou menos expedito do funcionário na caixa (dou sempre uma espreitadela para ver se a pessoa me parece despachada ou não), o próprio aspecto das pessoas na fila (evito filas com idosos ou pessoas com "MOROSO" escrito na testa). Tudo preconceitos. Que saem gorados, lá está. Porque, invariavelmente, a minha fila - que tem tudo para ser a primeira a andar - é a que demora mais tempo. O mesmo se passa no trânsito - assim que mudo para a faixa que está a andar mais rápido, pimba, o ritmo desacelera para passo de caracol. O problema é meu, só pode!

Exemplos concretos, só no dia de hoje:

9h45: já atrasada para uma formação, em Cascais, apanho fila na saída da CRIL para a A5. Das duas faixas escolho a que me parece andar mais depressa. Erro crasso. Demorei 15 minutos a fazer 100 metros. E fiquei a ver os carros da faixa ao lado passarem por mim em modo Speedy Gonzalez (perdoem-me o exagero, mas no momento era o que parecia!). Está bem que podia ter voltado a mudar de faixa, mas raramente o faço. Por teimosia e persistência, fico-me por aquela que escolhi ("na saúde e na doença"), confiante de que é uma questão de tempo até a coisa melhorar. Pois, sim.

13h15: na fila para o almoço - era só uma, não havia como enganar. Em que pessoa é que a máquina da funcionária encrava?! Pois. Para quem não sabe do que estou a falar, eu explico. Estão a ver aqueles funcionários que "varrem" as filas com uns tablets ou gadjets semelhantes, a registar os pedidos dos clientes, antes da chegada efectiva à caixa? Então, a maquineta da funcionária encravou na minha vez. Como se isso não bastasse, no final do meu pedido, a funcionária ainda me pergunta: "Então e a filha, não vai querer nada?". Isto enquanto apontava para a adolescente atrás de mim. Está bem que as olheiras me fazem parecer mais velha, mas não exageremos...

17h30: na fila do supermercado, com umas compras rápidas para o jantar do João. Encontrei a única caixa que tinha uma pessoa - UMA PESSOA. Acontece que essa única pessoa queria pagar com cartão Jumbo, mas não se lembrava do código. "Deves acreditar no Pai Natal", pensei. Ignorava, nesse instante, que afinal é possível. Demora tempo, mas é possível. Como? Através de uma maquineta com ar rudimentar que faz uma espécie de impressão do cartão em papel químico. Não sei os termos técnicos, nem sequer sei se estou a explicar bem o processo. Só sei que demorei 15 minutos para ser atendida. Vá lá, ao menos aprendi alguma coisa.

Daí até ao final do dia não me meti mais em filas (nem elas se meteram em mim). Creio, no entanto, que já deu para perceber o padrão que existe na equação "eu + bichas". E já que abrimos a caixa de Pandora, deixem-me aproveitar para fazer uma declaração pública de ódios, neste departamento:

- ODEIO condutores que se metem "à má fila" (passo a redundância) mesmo em cima da saída, ignorando a fila interminável de condutores civilizados que, provavelmente, já ali estavam quando os tais condutores pegaram no carro. Alguns destes anormais ainda têm a "decência" de pôr o pisca, como quem diz: "eu pedi permissão!". Enfim. Quando entrar em vigor o sistema de pontos nas cartas, a falta de civismo devia somar pontos negativos, abaixo de zero mesmo!

- ODEIO pessoas que se julgam no direito de passar à frente nas filas de supermercado só porque têm duas ou três coisas no cesto de compras. E se alguém lhes responde que está com pressa ou que também tem pouca coisa, é vê-las protestar, como se a razão estivesse do seu lado. Not!

- ODEIO pessoas que, atrás de nós na fila, nos vão empurrando para avançar, enquanto bufam ao nosso ouvido, como se a culpa da demora - ou até da desgraça no mundo - fosse nossa. Please, inscrevam-se no ioga!

E pronto. No geral, é isto. No particular, é muito, muito mais. Mas não vos quero maçar. Para isso, já bastam as filas!

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