28 de julho de 2015

A moda dos conceitos


Esta mania dos conceitos que viram moda mexe-se com os nervos. Já ouviram falar em jeggings?

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Serão jeans? Serão leggings?
Collants não são, certamente
que o tecido não assenta assim.

As jeggins são uma espécie de cruzamento feito em laboratório entre as calças de ganga e as leggings. À primeira vista, são calças. Coladinhas ao corpo, tal como as skinny jeans. Mas têm o conforto e a elasticidade das leggings. Logo, não são bem uma coisa, nem outra. Mas poderiam perfeitamente  sê-lo, se alguém não tivesse inventado o nome "jeggings". Qual a necessidade de se inventarem conceitos para designar coisas que podem perfeitamente encaixar-se em conceitos já existentes? A inovação, nos tempos modernos, passa muito por isto: inventam-se conceitos a torto e a direito, como se algo absolutamente novo e espectacular tivesse acabado de surgir. Mas não. Na realidade, a única coisa nova é o conceito em si, que não passa de uma catalogação diferente do que já existe. Mais exemplos.

Cupcakes. A imagem acima dispensa explicações. Já viram alguma festa de aniversário ou evento onde pudessem comer muffins? Na realidade sim, só que eles estão disfarçados de cupcakes.

Hambúrguer gourmet. Um hambúrguer. Servido no prato ou no pão. Com batatas fritas ou outro acompanhamento. Por acaso é revestido a folha de ouro ou algo do género? Não. Então é hambúrguer. Ponto.

Glamping. Acampar com glamour. E isto consiste exactamente em quê? Por acaso dormimos com baby doll, bebemos Moet & Chandon e fumamos cigarrilha durante um banho de espuma? Não. Acampamos num misto de tenda com cabana, onde temos mais comodidades do que a tradicional tenda. Exactamente como nos bungalows. Ou em cabanas de turismo rural e ecoturismo. Certo?

Brunch. O conceito inglês, que resulta da junção entre "breakfast" e "lunch", é precisamente a refeição que agrega ambas - tanto o pequeno-almoço como o almoço  - numa só. Pela lógica, toma-se depois das horas "normais" de pequeno-almoço e abrange aquela hora considerada "normal" para almoço. Eu diria que o "brunch time" se situa algures entre as 10h e as 15h. Se, por acaso, o brunch está disponível durante todo o dia, ou logo ao pequeno-almoço, ou até mesmo ao jantar - como acontece em vários espaços lisboetas - então não é um brunch! Dêem-lhe nomes "tugas" como ceia, lanche ajantarado ou pequeno-almoço tardio. Decidam-se!

Esta mania dos conceitos que viram moda mexe-me com os nervos. Já o disse. Mais um bocado e estamos a falar em "chipatos" (uns chinelos com atacadores) ou "torresmos gourmet" (continuam a ser couratos de porco, mas servidos em loiça Vista Alegre). As invenções têm limites... Assim como a nossa paciência!

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