31 de julho de 2015

O primeiro último dia de "escola"


Hoje é o último dia na escolinha do João. (Ainda não é bem escola, daí usar-se o diminutivo. Ninguém diz "crechinha", certo?)

Hoje é um dia importante para os pais (ele - por enquanto - não liga nada). O dia de hoje indica que ele está a crescer e que, de futuro, teremos muitos mais "últimos dias de escola", assim como "primeiras outras tantas coisas". Eles crescem, é um facto. E há que aceitá-lo sem grandes nostalgias, senão espera-nos (a nós, pais) uma vida de apertos no coração. (Assim como assim, já nos espera mesmo, portanto há que relativizar onde conseguirmos.)

Colocar o João na creche sempre foi uma decisão inquestionável, independentemente do desemprego que acabasse por atingir algum dos pais (e acabou mesmo por atingir a mãe). Neste momento, o João não está na mesma creche para onde entrou aos 5 meses (demasiado cara para o novo orçamento familiar), mas continua feliz, aos 15 meses. E nós felizes de o vermos tão bem tratado. Nunca sentimos que esta creche, por ser mais barata, o tratasse pior. Nem um bocadinho. Em termos humanos, não notámos a mínima diferença. A verdadeira diferença está naquelas comodidades que só importam aos pais, não aos filhos: fraldas incluídas, alimentação incluída, cremes incluídos, etc. Feitas as contas, poupámos algum dinheiro no final do mês, mas não poupámos no bem-estar do João - e é isso que importa!

O João está na creche actual desde os 9 meses. Há meio ano. Nunca o vi ficar contrariado ou dar mostras de não gostar de lá estar. Pelo contrário. De manhã, quando o vamos deixar, salta do nosso colo em direcção ao das auxiliares - a Margarida e a Carina. E ao final do dia, quando o vou buscar, vem contente ao meu colo (UFA!), mas não são raras as vezes em que demora a largar o colo da Céu ou da Cláudia. Até já brinquei com elas, disse-lhes que tinha ciúmes por ele lá ficar tão bem, que me fazia melhor ao ego se ele chorasse ao deixar o colo da mãe... Mas, claro, a resposta delas era a mais acertada: "É melhor assim!". E era. Sempre foi.

Hoje, ao deixarmos o João para o seu último dia de escolinha, deixámos também uma caixa de "muffins com chapéus caros". Achámos que a extravagância dos cupcakes - comparativamente aos muffins, ou outra qualquer iguaria mais económica - indicaria um pouco do quanto estamos agradecidos. Pela dedicação que sempre demonstraram. Pela forma carinhosa como sempre trataram o João. Pelo facto de ele saltar do nosso colo para o delas. E não há extravagância que pague o sentimento de sabermos que o nosso filho é bem tratado.

Hoje, quando o for buscar, vou dizer-lhe que só volta em Setembro. Para uma nova sala, onde os meninos (ele incluído) irão vestir bibes verdes axadrezados e aprender a brincar com a professora Lila. No dia do regresso, em Setembro, vou tentar segurar as lágrimas - à semelhança do primeiro dia de creche - e agarrar-me à certeza de que, tal como até aqui, ele continuará a ser muito feliz.

[O que dizia eu há pouco sobre reprimir a nostalgia e relativizar?! Pois. Esqueçam lá isso. Mãe não consegue.]

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