25 de outubro de 2016

Dar a volta ao armário

Todos os anos por esta altura (mais coisa menos coisa) é tempo de reorganizar o armário. Por muito que nos custe, há que dizer "hasta la vista baby" às peças frescas e coloridas de verão, para dar destaque às malhas, lãs, pijamas polares, meias grossas e afins. Ninguém merece! Além de ser uma trabalheira dos diabos, ainda temos de nos mentalizar de que o verão acabou. (snif) A única coisa boa do processo é capaz de ser a limpeza que aproveitamos para fazer ao nosso guarda-roupa. Afinal, passou meio ano desde a última vez que tivemos eye-contact com o nosso guarda-roupa de inverno e desde então crescemos, aprendemos e aproveitámos para comprar uns trapinhos novos no início de colecção (quem nunca o fez, que atire a primeira pedra!).

"Esta camisola está desbotada. Auf wiedersehen". "Que coisa horrorosa é esta que comprei nos saldos de 1995 e que nunca cheguei a usar?! Auf wiedersehen." "Há de chegar o dia em que ganho coragem para vestir esta camisola de malha transparente com apliques de renda e lantejoulas. Auf wiedersehen." Temos de encarnar a Heidi Klum que há em nós e dizer adeus (de forma adorável e com um sotaque super sensual) a todos os erros de guarda-roupa que guardámos persistentemente ao longo dos últimos meses (ou anos).

Eu, a arrumar o armário, é mais ou menos isto!

O segredo é aproveitar a sabedoria adquirida em mais um meio ano que passou e encararmos o nosso armário como um organismo vivo: algumas coisas têm de perecer para que outras possam brotar no lugar delas. É o ciclo de vida adaptado a um meio ambiente de 150x80cm (sim, porque não há closets gigantes por estas bandas). 

A filosofia do desprendimento ganha especial relevância quando se trata de dar a volta ao armário. Eu tornei-me praticante dessa filosofia com as sucessivas mudanças de casa, e renovo a minha crença a cada reorganização do armário. De que nos serve agarrarmo-nos a coisas que só ocupam espaço e ganham pó? "Ah e tal, um dia podem vir a dar jeito", diz-nos a vozinha acumuladora dentro de nós. Esqueçam! Se já se passaram duas estações e a peça em questão ainda não viu a luz do dia, move on. É hora de sair do nosso armário e ocupar o armário de alguém que, efectivamente, lhe dê uso. Podem doá-la a instituições de solidariedade, por exemplo. Eu costumo sondar a família primeiro (entre as muitas irmãs e sobrinhas, há sempre quem veja com bons olhos a minha camisola de malha, renda e lantejoulas). Há ainda a possibilidade de aproveitarem o que está a mais no vosso armário para projectos DIY e assim fazerem um dois-em-um: limpam o roupeiro e redecoram a casa!

Outra dica importante a ter em mente antes de se atirarem ao vosso armário é a organização. No meu caso, organização é sinónimo de caixas, caixinhas, cabides especiais e compartimentos dentro de compartimentos (obrigada, Ikea, por existires). Se separarmos as roupas dos acessórios, das malas e dos sapatos torna-se muito mais fácil encontrarmos o que queremos, no dia-a-dia, e arrumarmos de forma mais prática quando chega a altura de o fazermos. Isso inclui aproveitar de forma inteligente a arrumação vertical (ora aqui está um conceito digno de profissional das arrumações!). Trocando por miúdos, a parte de cima do roupeiro não deve ser descurada, só porque não são a Heidi Klum e não medem 2 metros para lá chegar! Se é uma zona mais inacessível, então aproveitem para lá guardar as coisas de que não precisam diariamente, como a roupa da próxima estação. Se estiver arrumadinha em caixas, tanto melhor. Dá logo outro ar...

Bom, toda esta teoria - no fundo - é uma forma de protelar a missão que tenho pela frente. Não foi por acaso que escolhi o dia de hoje para esta tarefa, odiosa, de reorganizar o meu armário. O estado do tempo, assim em jeito de pandã com o meu estado de espírito, ajuda a tornar a coisa mais fácil. Além disso, está a chover e na minha sapateira só vejo chinelos, sandálias, ténis e alpercatas. É capaz de não dar muito jeito para sair à rua! O mesmo para os tops e casacos frescos de verão que me ocupam os cabides. Enfim... Vou mas é deixar-me de rodeios e atirar-me de uma vez por todas à tarefa, antes que chegue o inverno rigoroso (que eu também não tenho a genética abençoada da Heidi Klum).

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