15 de junho de 2015

Mini-break de Santo António, mas não de São João!

Regressámos ontem a Lisboa, de onde saímos na 4ª feira para uns dias de descanso (?!) no norte. Foi assim que comemorámos o Santo António, a 300 km do seu epicentro. Na verdade, pr'aí desde 2008 que "fugimos" dos arraiais alfacinhas. Por ser muita confusão, demasiada gente confinada em ruas estreitas, e porque raramente se consegue apreciar devidamente as sardinhas (primeiro espera-se por uma mesa, depois que a comida nos chegue ao prato... E o Manoel de Oliveira já fez filmes mais curtos!). É sempre a mesma coisa. Mesmo assim, ano após ano, sinto-me tentada a voltar. Talvez para me apaixonar novamente. Ou para dar o benefício da dúvida à tradição. Mas passam os arraiais, murcham os manjericos, e eu arranjo sempre outros planos para os feriados. O facto de estarem tão juntinhos, o de 10 e o de 13, é o pretexto ideal para uma escapadinha. Desta vez fomos ao norte, "obrigados" por uma mão-cheia de avós, tios e primos que reclamava por já não ver o João há mais de 2 meses. Foi o tempo de lhe crescerem 3 dentes, de dar os primeiros passos e aprender habilidades como palminhas, beijinhos, tchau-tchau, "já tá", "olá", "tété", "papá" e "mamã".

É verdade que as idas ao norte são radicalmente diferentes agora, que o João existe. A logística é maior. O carro, que dantes ia vazio para lá e cheio para cá, agora vai atafulhado com a tralha dele. As viagens passaram a fazer-se em horas estratégicas, que evitem o calor e potenciem as sestas. Porque se ele não dorme, os pais dão em malucos antes do quilómetro 50! E nem pensar em fazer o caminho pela nacional, como antigamente, em modo passeio. O rigor dos horários e a impaciência do João dentro de um carro fizeram da A1 a nossa melhor amiga! No entanto, apesar de tudo isto, as viagens ao norte são mais importantes agora, que o João existe. Porque fazemos questão que toda a família acompanhe o seu crescimento, na medida do possível (e do que a distância permite), ao mesmo tempo que queremos manter a ligação dele às raízes dos pais (campo do lado da mãe e praia do lado do pai).

Rumámos ao norte na 4ª feira de manhã bem cedinho, pela fresca. Ainda não eram 8h30. A primeira queixa do petiz aconteceu antes da área de serviço de Aveiras. Decidimos que era muito cedo para parar e conseguimos "entretê-lo" até à estação de serviço de Santarém. Nessa altura, parecia que estávamos no carro há um dia inteiro. Passava pouco das 9h. As excursões de crianças que seguiam para Fátima formavam filas intermináveis para a casa-de-banho e para a cafetaria, tornando mais difícil a nossa tarefa de fazer uma paragem rápida. Esperámos 20 minutos para comprar um iogurte. Demos o lanche ao João e voltámos para o carro. Assim que tentámos sentá-lo na cadeirinha, recomeçaram as queixas. Voltámos à estrada entre queixumes. Parámos na área de serviço seguinte, só para que eu passasse para o banco de trás. Lá consegui entretê-lo durante o resto da viagem. A custo de uma valente dor de cabeça. Chegámos ao destino pouco depois das 11h. Que alívio! Mais uma vez, o João portou-se como se regressasse à sua segunda casa. Não estranhou ninguém. Ao menos isso!

Ultrapassadas as primeiras dificuldades, as próximas tiveram que ver com adaptar os hábitos do João a um novo sítio, com  rotinas diferentes. As refeições dele faziam-se antes das nossas, com a dificuldade acrescida de planear comida só para ele. As sestas faziam-se quando sossegava o barulho do entra-e-sai de uma casa cheia de gente. E as brincadeiras confinavam-se ao interior, já que o São Pedro resolveu brindar-nos com um tempo digno dos últimos meses do calendário. Para ajudar à festa, o casaco tinha ficado esquecido em Lisboa e a mala ia cheia de calções e t-shirts, completamente inúteis para a chuva e o frio que nos apanharam de surpresa. Vá lá que tinham seguido uns ténis, umas calças e algumas camisolas finas, por precaução.

A partida do São Pedro arruinou as nossas intenções de passear, mas foi apenas a cereja no topo do bolo. O bolo, ou melhor, o "santo" que realmente ditou o fiasco do nosso mini-break tem por nome São João. O santo da casa que não faz milagres. Como dormir tranquilamente a noite toda. Esse, sim, era um milagre que teria dado muiiiito jeito. Mas não. As noites fora de casa são sempre, SEMPRE, um stress! Nós, pais ingénuos, acreditamos que o cenário vai mudar a cada nova escapadinha. Que agora é que vai ser. Que o João vai habituar-se na segunda noite. Que a vida é linda e o algodão doce não engorda. Pois! A realidade atinge-nos na primeira noite e massacra-nos em todas as seguintes. O sono agitado, o choro a cada 30 minutos, os nossos palavrões abafados pela almofada, o despertar às 5h30 da manhã (mais coisa, menos coisa)... E lá andamos nós, pais ingénuos, feitos zombies. Num fim-de-semana que deveria ter sido de descanso e foi tudo menos isso!

Conclusão: foi um alívio regressar à rotina. Pelo menos em casa, as noites são ligeiramente melhor dormidas - e já não se esperam milagres! Esperam-se, sim, umas férias a sério. Sem Santos, sem mau tempo e sem João!

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