2 de setembro de 2015

Campo, praia e dolce far niente (retrospectiva das férias)

Eis-me de volta, depois de umas boas semanas de férias. Foram curtas, como se costuma dizer - são sempre! - mas passaram-se muito bem. Com bastante descanso à mistura (na medida do que uma criança de um ano permite) e sem o"ruído" das tecnologias. Daí este texto em jeito de resumo, ao invés de posts vários em cima do acontecimento. Estive, realmente, longe do mundo. Primeiro, na minha terra, uma aldeia do distrito de Viseu. Depois, na terra dele, junto à praia. E, por fim, em terra de cavalos e campinos, na Golegã. Muita variedade, portanto.

A primeira semana: campo

Estar na terra onde nasci é voltar atrás no tempo. Relembrar as pessoas, os lugares, os costumes... E perceber que, apesar de já ter saído de lá há 14 anos, na verdade nunca de lá saí (ou a terra nunca saiu de mim). O tempo pára por aquelas bandas. É certo que os miúdos crescem, os adultos envelhecem, constroem-se casas novas onde dantes existiam apenas terras, deixam-se ao abandono terras que outrora tinham donos, o rio já não transborda de água como antigamente, os montes em volta são agora pontuados por eólicas... Em suma, a vida foi passando. Mas o tempo parece-me que não. Pelo menos, parece-me A MIM. Só assim se explica que eu volte a ser a miúda de 17 anos, quando lá estou. E nem o puto bonito e sorridente que dizem ser meu filho me tira essa sensação. A sensação de que voltei a ser adolescente.

Durante uma semana, fui essa adolescente de 17 anos. Imensamente feliz por poder mostrar ao meu filho todas as coisas com que cresci. Bebemos cevada de cafeteira. Comemos torradas de fogão. Ouvimos o corvo Chico a grasnar e as galinhas a cacarejar. Sentámo-nos no largo à conversa com as vizinhas, num banco improvisado de pedras e tábuas de madeira. Molhámos as mãos no tanque e matámos a sede na fonte. Apanhámos fruta das árvores. Fomos de carro até à vila, lanchámos na pastelaria do costume. Revimos velhos amigos. Deixámos passar os dias sem pressa. E fomos muito mimados. E felizes ali, como diz o Malato.

Em mês de bailaricos e festarolas, ainda tivemos família reunida e mesa farta, à boa maneira do norte - e da minha família em particular (só não mostro fotos para não meter nojo!).


A segunda semana: praia

O João já tinha passado uma semana com a avó paterna, na praia. Como adorou, decidimos voltar - mãe e pai incluídos - para que ele pudesse "encher a barriga" de praia. (Não imaginávamos que ele o fizesse literalmente, engolindo mãos cheias de areia, mas enfim...) A rotina dos dias era perfeita (e quase sempre a mesma): manhã de passeio, almoço ao ar livre, sesta e depois praia até ao fim da tarde. Uma maravilha! Felizmente, o tempo colaborou - coisa rara em Peniche - e, à excepção de um dia menos bom, todos os outros foram beach friendly.

Na praia, o João só queria estar dentro de água a "apanhar" ondas. A água até podia estar fria - entenda-se gelada - mas era vê-lo bater o dente, enquanto acenava com a cabeça para que o levássemos mar adentro. Chegou a estar com água pela cintura, todo contente, como se nada fosse. E nem mesmo quando caiu e ficou submerso por alguns segundos, ele desmoralizou. Pelo contrário. Tomou o gosto à água salgada e, de vez em quando, lá molhava a mão para a levar à boca :) Por enquanto, posso dizer - sem margem para dúvidas - que foi do pai que ele herdou o à-vontade com o mar. Se saísse à mãe, nem um dedinho do pé tinha posto dentro de água (muito menos com aquelas temperaturas). Hell no! Curiosamente, já na areia, comprovei que tem a minha predilecção pela sombra (coisa mai' linda de sua mãe). Sem que ninguém o instruísse a fazê-lo, ele ia muitas vezes posicionar-se debaixo do chapéu de sol ou da tenda, onde se estava bem mais agradável. Claro que não ficava lá muito tempo quieto, até porque havia areia para comer, brinquedos para enterrar, a mãe deitada na toalha para chatear (ela bem queria ficar descansadinha a relaxar, mas qual quê...). Praia e João foram sinónimo de brincadeiras e muita água de mar!

Além disso, fomos algumas vezes ao parque infantil, visitámos uma feira de artesanato, levámos o João aos carrosséis (outra estreia que ele adorou!), comemos gelados e todas as coisas boas que se fazem (e comem) nas férias.


A terceira semana: dolce far niente

Para a recta final das nossas vacances, optámos por nos instalar - confortavelmente e a três - num hotel **** do interior ribatejano. Apetecia-nos a mordomia de um hotel com piscina (que ainda não tínhamos feito), mas no sossego do campo, ou seja, longe da confusão junto às praias. E não poderíamos ter escolhido melhor! Não conhecíamos o Hotel Lusitano e só temos coisas boas a dizer. A começar pelo espaço, que faz lembrar uma casa acolhedora - e não um hotel impessoal -, passando pela simpatia dos funcionários (uma simpatia genuína, que faz valer cada palavra do slogan "A arte de bem receber") e sem esquecer a maravilhosa vila da Golegã, com as suas casas rasteiras, gente simpática e ruas embelezadas por candeeiros antigos e cavalos de ferro a servir de sinalética. Ao contrário de muitas vilas ou cidades portuguesas, não é difícil perceber qual o "ex libris" daquela terra ribatejana (os meus parabéns à autarquia).



Assim que avistámos o hotel, ficámos encantados pela forma como ele se integra na vila, sem destoar minimamente das casas em redor. Aliás, o edifício passa tão despercebido que foi por pouco que não seguimos em frente (valeu-nos a placa à entrada). A casa - ou casarão - de linhas rurais, com traves em madeira nos tectos e uma decoração rústico-moderna (se não existe, passa a existir!), faz-nos sentir que vamos ficar hospedados numa quinta ribatejana familiar. Fomos logo recebidos com chá de menta e sumo de laranja natural (hum!), enquanto aguardávamos o check-in numa sala com chão de madeira, sofás e cadeirões e uma enorme lareira ao centro (apagada, para minha tristeza, que não me importava nada de suar em bica, só para tornar perfeito o ambiente). A chegada ao quarto fez-nos abrir ainda mais a boca: o espaço era enorme, com muita luz natural (duas portas-janelas no quarto, outra porta-janela na casa de banho, além de uma janela enorme também no WC, por detrás da sanita) e o berço para o João foi do melhor que já vimos em hotéis. De veludo, imaginem. Tudo espectacular. Nem vale a pena continuar com a descrição para não vos maçar com o meu deslumbramento - ou para não pensarem que estou a ser paga para fazer publicidade. I wish! Deixem-me só rematar com uma menção aos scones quentinhos e ao sumo de laranja (natural!) do pequeno-almoço. Não era SÓ isso que havia, mas foi praticamente o que comi e repeti (além de umas fatias de pão quentinho e doce de tomate caseiro). (SALIVA) Quanto à rotina destes dias, resumiu-se (no bom sentido) a passeio pela vila de manhã, almoço aquecido (e levado de casa na marmita) para o João, almoço rápido para nós (comprado no supermercado a 200m do hotel), sesta e piscina/jardim até à hora de jantar (num restaurante da vila ou no restaurante do hotel). Boa vida, portanto. (SUSPIRO)


Financeiramente falando, foram umas férias bastante em conta (ficar com a família ajuda, além de que o hotel não foi nada caro - 200€ por três noites com pequeno-almoço em plena época alta). Além disso, e mais importante, conseguimos descansar (ou não fosse esse o objectivo das férias), conhecer um sítio que não conhecíamos (bónus) e ainda maravilhar-nos com o crescimento do João diante dos nossos olhos, 24/7. Salvo uma ou outra birra (cof cof), ele foi uma criança fácil de aturar e, sem dúvida, o melhor das nossas férias. Na idade de descobrir e imitar, todos os dias ele fazia ou aprendia qualquer coisa nova que nos deslumbrava (apesar de os "popós"ocuparem 99% da sua atenção).Vrum vrum... Venham as próximas férias! Na realidade, até já estão marcadas e falta pouco mais de um mês (viva!). La bella Italia espera por nós! :)

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