17 de novembro de 2016

Como é que eles crescem tão depressa?!

Há dias em que olhamos para eles e não conseguimos evitar o pensamento: "como é que eles crescem tão depressa?!" A pergunta pode surgir a propósito da mais pequenina coisa, atitude, palavra ou gesto. Algo que nos confirma, efectivamente, que eles estão a tornar-se admiráveis pequenos adultos...  E que nós, pais, somos os distraídos que só de vez em quando reparam nisso!


No fim-de-semana, o João passou em frente a um cabeleireiro e disse que queria cortar o cabelo. "Queres cortar o cabelo?!", perguntei-lhe, não fosse ter percebido mal. "Sim", respondeu ele, assertivo. "Ok, eis uma novidade...", pensei eu. Na verdade, há semanas que eu e o pai falávamos na necessidade de lhe cortarmos o cabelo, mas continuávamos a adiar porque nas três experiências anteriores (duas em cabeleireiro e uma em casa) tinha sido difícil mantê-lo quieto o tempo todo. Aproveitámos, claro, o facto de ele se ter voluntariado. E, ainda cépticos, entrámos no cabeleireiro. Enquanto eu perguntava a uma das funcionárias se lhe faziam o corte, suspeitei que ele fosse mudar de ideias e sair porta fora... Mas não! Para surpresa minha e do pai, ele sentou-se na cadeira adaptada que prepararam para ele, ajeitou-se para lhe porem uma bata de plástico colorida e ficou sossegado durante os mais de 20 minutos que durou o corte. Pelo meio, respeitou todas as indicações da cabeleireira e apreciou curioso cada tesourada e cada gesto à sua volta, enquanto debicava descontraído a bolacha que trazia na mão desde que entrara (e que, às tantas, já estava cheia de cabelos... mas eu continuava tão aparvalhada por tudo aquilo que nem me apercebi. Foi outra das cabeleireiras que chamou a atenção para o facto). No final do corte, perante a incredulidade de todos no salão - que estranhavam a tranquilidade de uma criança tão pequena naquela situação ( suponho que não se encontrem muitos fãs de cabeleireiro aos dois anos e meio!) - o João pede um espelho para conseguir ver melhor a parte de trás do penteado (tal como tinha visto outra senhora a fazer). What?! Enfim, foi o momento "ei, papás, estou a crescer" do fim-de-semana.


Hoje, a caminho da escola, voltei a ter a mesma sensação de deslumbramento quando o vi todo senhor-do-seu-nariz, com a mochila da Patrulha Pata às costas e uma atitude de pequeno adulto que se recusa a dar-me a mão. Há dias em que parece que reparamos neles pela primeira vez. Ou então prestamos mais atenção. E depois deslumbramo-nos com o que vemos: o crescimento, de dia para dia, a ganhar forma e a dar-lhes personalidade.

Ah, e desde há dois dias que ele quer descer e subir as escadas do prédio sozinho, agarrado ao corrimão, repetindo inúmeras vezes "O João consegue". Eu agradeço não ter de o levar ao colo durante três andares e vou o caminho todo a tentar ampará-lo enquanto ele me enxota - "sai, mãe, o João consegue". E é isto! Daqui a uns mesinhos, tenho-o a pedir-me dinheiro para o consumo mínimo de uma discoteca*.

* Isto ainda existe, certo? (Convém não esquecer o reverso da medalha: à medida que eles crescem, nós envelhecemos. Glup)

Sem comentários:

Enviar um comentário