28 de outubro de 2009

A cidade que escorre para o rio


Todos os dias, Lisboa escorre para o rio. Gentes que correm para o barco e dizem até amanhã a uma cidade que não lhes pertence. Gentes que alugam Lisboa ao dia e saem dela ao cair da noite. Os cacilheiros que vão e vêm como pêndulos sobre o Tejo. Os mesmos cacilheiros que, com o vagar de formigas obreiras, carregam num lado e descarregam no outro.
É assim todos os dias. Lisboa esvazia e escorre, precipitadamente, para o rio. Porque à noite Lisboa dorme nos braços das suas gentes. Tranquila. Antes que o rio volte a trazer as gentes de fora e a cidade se encha novamente. De pessoas. De vida. De si própria.

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