15 de abril de 2009

O que será do coelho?


Não me refiro ao coelho da Páscoa, que nos visitou há bem pouco tempo. Temo por outro coelho. Um coelho que vi recentemente num jardim à beira-rio. Num daqueles dias de sol em que o jardim se enche de gente e cães, lá estava o coelho de que vos falo.
O pequeno roedor cinza mesclado de branco acanhava-se junto a uma árvore, tímido. Parecia querer isolar-se de tanta agitação e não ser notado pelos olhares que o visavam, reprovadores. Junto ao coelho, um homem novo - trinta e poucos anos, não mais - olhava-o com orgulho. Aquele homem não segurava um carrinho de bebé como tantos, nem passeava em família como outros. Aquele homem não corria, não andava de patins ou de bicicleta, não namorava num banco de jardim, não jogava à bola com miúdos, não dormia a sesta sob uma árvore, não olhava o horizonte nem se entretia em leituras. Ao invés, aquele homem observava zeloso o animal que mantinha junto a si, preso por uma trela. E o animal acanhado. Naquele homem que passeava o coelho por uma trela repousavam os olhares curiosos daquela tarde no jardim.
Ora, nos dias de chuva de Abril, preocupa-me o coelho. Fico a imaginar que o dono não o leve a passear quando chove e doi-me imaginá-lo ali, junto à porta, a ladrar e a dar à cauda. O coelho não deve estar feliz. E isso preocupa-me.

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